quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A diplomacia dos Teletubbies.

 
 
 



Confesso que não sei o que pensar desta iniciativa britânica: para pacificar os ânimos da Coreia do Norte, ultimamente muito exaltados, o Foreign Office, em colaboração com a BBC, pensa exibir na televisão daquele país os documentários de David Attenborough ou as séries Top Gear, Doctor Who e, pasme-se, os Teletubbies.
         Será que os Teletubbies conseguirão aplacar a ferocidade insana de Kim Jong-un? Tudo é possível, o mundo é um lugar estranho. Como é sabido, Portugal tentou, numa audaciosa manobra diplomática, fazer a paz com Pyongyang por intermédio de José Luís Peixoto, o teletubbie das letras nacionais. Os resultados, como se sabe, foram fatídicos, quer para a democracia na Coreia do Norte, quer  para a qualidade da literatura portuguesa.
O que mais me preocupa e impressiona são as declarações ao Sunday Times de um alto responsável do Foreign Office, para quem a queda do Muro de Berlim deveu-se mais às séries Dallas e Dynasty do que à acção da diplomacia. Ele lá saberá o que vale a diplomacia: no limite, então, mais vale acabar com o Foreign Office, ou não? A proposta é tão louca que, se funcionar, teremos de concluir, em definitivo, que a Coreia do Norte é governada como o rancho do Dallas, através de uma dinastia de ditadores loucos. É que, como se vê aqui, ainda existe quem duvide disso – e, pior ainda, tenha o desplante de enviar condolências quando morre alguém responsável pela morte de milhões de seres humanos.
 
 
 

1 comentário:

  1. Chama-se soft power. E tem melhores resultados a longo prazo (que o digam os chineses) do que o hard power ocidental que os Kim comem ao pequeno-almoço há décadas.

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